Por Carlos Sherman
Estamos atordoados e adoecendo psicologicamente… O escárnio diário no cercadinho da infâmia, as fake-news, o gabinete do ódio, a realidade que a CPI descortina, o cinismo mais abjeto, culminado com os fatos da corrupção, além de soberba incompetência na compra de vacinas – pasmem vocês! Um insumo para a vida nos é negado pelo negacionismo galopante e vigente… Um show de horrores, onde o banquete da realidade foi servido com 550 mil corpos; vítimas da ignorância e do circo macabro do fascismo, que ora discrimina por raça, pelo direito ao afeto, ora pela etnia, pelo gentilício, pelo direito de viver ou morrer… mas que discrimina sempre. Recalcado, sombrio, nefasto!
Pois perdi a paciência… E você?
Estamos vulneráveis, à mercê de uma espécie de presidencialismo de coalisão que mais se parece à um regime monárquico pseudo-democrático, com um balcão de negócios escusos anexo, legislando em causa própria. Pois temos o direito ao voto… e um direito que mal exercemos, empossando mitos como Collor, Lula, Dilma, Bolsonaro – um pouco mais do mesmo… E o Brasil desce cova abaixo.
O organismo político brasileiro está infectado – em todas as suas instâncias. Psicopatas escalam ao topo das hierarquias públicas e privadas… Mas, neste caso, com o agravante de que nós os elegemos. Elegemos os bolsonaros, os girões, os rogérios… os liras, os calheiros, mirandas, os bezerras e barros… que vivem na lama. E esses agentes infecciosos contaminam também o judiciário, o STF, o STJ, a PGR… a Polícia Federal, as Forças Armadas. Corrompendo e corrompendo… Mas até quando?
Esquerda e direita? Papo furado! Temos psicopatas apoderados e não apoderados… e uma luta sanguinária pelo seu voto. Parafraseando Eduardo Galeano, o poder é como um violino… toma-se com a esquerda e toca-se com a direita. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará… Pois a verdade reside nos fatos, não no discurso deste ou daquele mito.
A verdade?
Um psicopata ascendeu ao poder por meio de rachadinhas, associação com milicianos e bravatas… saídas de sua cabeça oca e psicótica. Planejou detonar bombas em quartéis, e escapou da prisão. Confiante de sua sina messiânica tropeçou na oportunidade de um Brasil desesperado diante do saque orquestrado por Lula e sua caterva. Ascendeu ao poder com promessas hipócritas e pelo exercício do falso moralismo… erguido aos ombros dos maiores malfeitores do Brasil; como Edir Macedo – capo de tutti capi -, Malafaia, RR Soares, Valdemiro Santiago, casal Hernandes et al. – donos de uma ficha corrida capaz de enrubescer aos chefões do narcotráfico.
Já vivíamos a sensação de desgoverno, quando confrontamos a pandemia do século. E o preço a pagar incluiu negacionismo, ataques à ciência, proselitismo religioso, xamanismo – com a prescrição de medicação sem benefício, além de severos efeitos colaterais -, desperdício do dinheiro público, com o desestímulo do respeito às medidas epidemiológicas, o uso de máscaras, o isolamento social… além do desprezo pelo único e verdadeiro antídoto: a vacinação ostensiva!
A aposta da dita “imunização de rebanho” não passou de um experimento com a vida dos brasileiros; além do caso Manaus, onde aprendizes de feiticeiros enfrentaram os rigores da realidade da pandemia com achologismo ignóbil… E deu no que deu!
Assustado, não com o número de mortos, mas com os pedidos de impeachment, Bolsonaro despachou seus generais e coronéis para comprar vacinas; dirigidos por birrinhas com o estado de São Paulo, além do flerte com o imaginário místico indiano… E tudo pode acontecer no desfecho de um enredo como este. E aqui estamos… o descalabro, e onde não nos surpreendemos com mais nada… não é verdade? Corroborando estudos sobre a saúde mental humana, como aquele conduzido em Cambridge (Ruppert; 2011), e demonstrando que a lucidez (17%) não é a regra em nossa espécie.
Mas existe sim um risco ainda maior do que o justo combate ao psicopata do momento: reconduzir outro conhecido psicopata ao poder. Votar em Bolsonaro em 2022 significa fatalmente que você pertence aos 27% de humanos com transtornos de personalidade. Mas reconduzir Lula ao poder significa desistir da honra. Pois você escolhe: insano ou cúmplice reincidente? Se colocado diante de tal escolha, não hesitarei em declarar tal pleito NULO de valor… por mera coerência!
ARTIGOS RELACIONADOS