Por Carlos Sherman
O truque dos ilusionistas só funciona se ao menos uma prerrogativa imperiosa for respeitada: uma plateia crédula. E entre as focas amestradas presentes à última live do mago Bolsonaro lá estavam o “sambista” general Heleno, autor do famoso “Se gritar pega centrão”, e o ministro genérico, o Ramos. O zero-zero do clã Bolsonaro prometia um espetáculo bombástico… em seu melhor estilo incendiário! Mas não escutamos nem o track-track de uma bombinha de São João fora de época… senão o silêncio abafado de um Brasil insultado.
Para completar o circo, um tal “analista de inteligência Eduardo”, coronel da reserva, desempenhou o papel de “partner”, ou assistente de mágico, mas não disse ao que veio. A apoteose do show era mesmo as Fake-News que aquela sua tia do interior – solteirona, religiosa e eleitora do mito – tem enviado pelo “zap-zap” nos últimos meses; e desde que Bolsonaro encarnou o espírito golpista de Trump… E nada mais.
Minto, temos muito mais… temos o Alexandre Chut, “astrólogo”, que também é “acupunturista de árvores”, e faz previsões – pasmem vocês – “concretizadas com Matemática Celeste” – seja lá o que isso signifique. E o pior é que esses caras parecem acreditar nisso tudo. Mas pode e vai piorar… porque temos também um hacker que afirma ser capaz de “quebrar o código da urna”, muito embora nunca o tenha feito.
Seria grotesco se não fosse trágico; já que esse palhaço é o presidente do Brasil em meio à pandemia do século, e onde lideramos um ranking funesto com quase 560.000 mortos. Bolsonaro não é apenas um fanfarrão ilusionista, mas também demonstra claras evidências de demência, alienismo, e consagrada burrice… Uma mutação da natureza, com elevado grau de contágio ideológico em mentes menos preparadas para lidar com sociopatas populistas e narcisistas.
Pois, Bolsonaro foi aposentado como capitão, e logo depois de sua prisão por planejar atos terroristas. E você leu direitinho: atos terroristas! E mantenho o firme compromisso com a verdade, com os fatos, e com a ciência. Neste caso, a ciência histórica, construída sobre documentos do Exército Brasileiro.
Durante seu vasqueiro oficialato, Bolsonaro sempre foi insubordinado. Documentos de 1980 nos dão uma pista sobre como os superiores do tenente o viam: “Excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente.”. Essas são palavras do então Coronel Carlos Alfredo Pellegrino, que segue: “Bolsonaro tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos.”.
Até que – pasmem todos vocês – Bolsonaro decidiu simplesmente detonar bombas em quartéis para reivindicar reajuste salarial. E fez propaganda da zoeira, procurando a revista Veja para alardear seus “planos”. Então, foi regiamente preso e condenado em primeira instância na justiça militar; mas recorreu à anacrônica instância superior: o Superior Tribunal Militar… sendo defendido pelos mesmos advogados que defendiam os demais terroristas em ação à época. E foi absolvido! E precisamente por obra de sua galopante burrice; ou chamemos de ignorância oportunista – no melhor estilo Lula.
Dois laudos grafotécnicos confirmaram que os garranchos nos croquis para as ações terroristas eram sim de Bolsonaro; a quem juiz José Luiz Clerot chamou de “analfabeto”. Mas desordeiro se safou, já que dois outros exames grafotécnicos encomendados por ele apresentaram laudos “inconclusivos”. Homem de poucas letras, oportunista, inescrupuloso, ele pediu a palavra e converteu “inconclusivo” em “conclusivo” a seu favor. E os juízes caíram nessa…
Portanto, por conta deste 2×2, que de fato foi um 2×0 com duas abstenções, estamos vivendo o flagelo do bolsonarismo viral… Já que combateríamos o lulo-petismo de qualquer jeito, e outras lideranças teriam a chance de representar uma alternativa “menos pior” em rechaço simultâneo ao “mito siamês do operário e do capitão”.
Na sentença proferida em 1988, durante o julgamento no STM, Clerot afirmou ainda que “Este Bolsonaro, que não é de muitas letras, não é capaz de escrever Duque de Caxias!”. E prosseguiu – imperdível – dizendo que “ele começa os períodos com letra minúscula. Tudo com letrinha pequena.”. E fez uma profecia: “Um exame mais aprofundado leva este Bolsonaro às profundezas do inferno de Dante.”. E isso o coloca no colo da neurociência, cluster B, e compatível com todos os sete sintomas de um psicopata.
Você sabia de tudo isso? Pois o clã segue o rito em seu dialeto infame e desavergonhado, e sem qualquer noção do ridículo. E chegamos ao inferno anunciado por Clerot, aturando vagabundos que nunca trabalharam na vida, numerados do 00 ao 04… Afinal, a genética não tarda e não falha; mas a educação – ou “a falta de” – também cumpriria o seu papel, sendo o exemplo o seu método mais efetivo, senão o único.
Até quando?
Carlos Sherman
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