Por Carlos Sherman
Por ocasião de um trabalho de pós-graduação, respondi às seguintes questões:
Comunicação e liderança: por que elas devem caminhar juntas?
Antes de encarar a questão, devo pontuar que considero o conteúdo das unidades 1 e 2, versando respectivamente sobre Liderança e Comunicação, superficial e carente do necessário embasamento neuropsicológico. A liderança é tratada com base senso comum, e no lugar comum dos discursos da autoajuda – hoje rebatizados por “coaching” e “mentoring”; onde qualquer um pode se tornar um líder, ou um orador “inato”. Podemos ensinar técnica de liderança, mas não poderemos forjar um líder… ou “o líder do bando”.
ALGUNS VESPEIROS
A Neuropsicologia, ou Ciência Psicológica (Gazzaniga & Heatherton; 2007), é fundada precisamente para alçar o estudo do comportamento humano à condição de Ciência; cuja abordagem cumulativa de conhecimento dependerá de metodologia clara, com teorias devidamente comprovadas – ou “Método Dedutivo Baseado em Prova” (Popper; 2008). Este era o sonho de William James – há quase um século:
“Ao tratar a psicologia como uma ciência natural, quis ajuda-la a se tornar uma delas.”
Mas isso nunca aconteceu… até agora, até o surgimento da Neuropsicologia. A Ciência Psicológica, portanto, não deriva da Psicologia (Pinker; 2007) (Gazzaniga & Heatherton; 2007) (Damásio; 2011), assim como a Química não deriva da Alquimia – sendo ainda, não raro, matérias antagonistas.
O eminente psicólogo Michael Gazzaniga, um dos fundadores da Neurociência, trabalhou diretamente com eminente “biólogo” Roger Sperry, ganhador do Nobel de Fisiologia e Medicina em 1981 por suas descobertas sobre a especialização funcional dos hemisférios cerebrais – especialmente no lobo frontal. Gazzaniga declarou peremptoriamente:
“A psicologia propriamente dita está morta. Ou, dito de outro modo, a psicologia vive uma situação curiosa. A minha universidade, Dartmouth, está construindo um magnífico edifício para a psicologia. Contudo, os seus cinco pisos repartem-se da seguinte forma: a cave destina-se por inteiro à neurociência, o piso térreo alberga as salas de aula e os gabinetes administrativos, o primeiro andar dedica-se à psicologia social, o segundo à ciência cognitiva e o terceiro à neurociência cognitiva. Vai lá saber porque é que lhe chamam de edifício da psicologia.”
A resposta à esta intrigante questão seria dada por ele mesmo, no fabuloso marco da Neuropsicologia, que ajudou a escrever: CIÊNCIA PSICOLÓGICA – Mente, Cérebro e Comportamento (2007). Mundo afora, e principalmente nas melhores universidades americanas de Psicologia, como Harvard, Yale, Universidade da Califórnia em Davis, no SAGE em Santa Bárbara, Darthmouth, no Instituto de Neurociência do MIT etc., as grades curriculares do entendimento sobre a condição humana destacam palavras como “cérebro”, “genética”, “biologia social”, “evolução”, “cognição”… totalmente ausentes em qualquer curso de Psicologia brasileiro. Então, quando nos referimos à psicologia nos Estados Unidos ou na Europa – à exceção da França, “catequizada” pela “freudista” Elisabeth Roudinesco -, estamos na verdade endereçando a Neuropsicologia; fundamentada principalmente na Neurociência Cognitiva, Genética Comportamental, Biologia e/ou Psicologia Social e Evolucionária.
Na aula inaugural de Introdução à Psicologia em Yale, Paul Bloom esclarece – quando interpelado sobre “Freud” – um perigoso embusteiro:
“Vocês não encontrarão Freud no curso de Psicologia desta universidade, e já faz algum tempo. Talvez encontrem Freud na Sociologia, Filosofia ou Literatura.”
Áreas correlatas, e dedicadas à ficção…
“ZIP Code or Genetic Code?” (“CEP – Código Postal ou Código Genético?”); esse é o provocador título da matéria da Harvard Gazette, mídia oficial de notícias da Universidade de Harvard, sobre o mais extenso e preciso estudo já realizado envolvendo gêmeos… Steven Pinker, professor emérito de Psicologia na mesma universidade, nos conta o resultado:
“[…] revela que as funções cognitivas são as que têm maior probabilidade de sofrerem influências genéticas (4/5) e as menos prováveis de sofrerem influência ambiental compartilhada (2/5).”
Por exemplo, a hierarquia ou “pirâmide” de Maslow é algo inteiramente ultrapassado, e sem qualquer fundamentação, senão pelo arbítrio de seu criador. Notem, por exemplo, a sua completa inutilidade quando conceituamos a importante e predominante herança genética. Falta também a perspectiva evolutiva; já que a hierarquia de “necessidades” parece inteiramente desconectada do processo evolutivo que a produziu. Depois, o conceito de hierarquia não foi totalmente desenvolvido, não explicando a interação entre os “níveis”, e sem levar em conta os flagrantes exemplos que violam de seu sistema “hidráulico” de classificação de “necessidades” (Cory; 1974) (Coming; 1983) (Maddi; 1989) (Smith; 1991).
Maslow e sua “pirâmide colorida” também receberam pesadas críticas por sugerir que a conquista material e sucesso são resultado inconteste do desenvolvimento humano (Yankelovich; 1981); com isso, tende a ignorar ou diminuir as grandes realizações intelectuais, morais e de serviço à humanidade, e que não estiveram centradas em resultados materiais ou exposição midiática à fama (Maddi; 1989). A hierarquia de Maslow, com seu foco quase exclusivo no indivíduo, denota pouca ou nenhuma percepção sobre a dinâmica da interação social – que nos caracteriza como humanos, troppo umanos. Este tipo de abordagem e suas emendas, nunca se tornaram de fato uma importante referência para o estudo da socialização humana, ou no campo das teorias políticas (Zigler & Child; 1973) (Knutson; 1972) (Davies; 1963), o que dirá uma abordagem séria sobre o comportamento.
Estamos aqui falando em Maslow em 2019, enquanto um editorial do New York Times publica o obituário Judith Harris – que se despediu de nós em 30 de Dezembro de 2018, aos 80 anos. Estudem Harris, estudem The Nurture Assumption, o livro que mudaria o entendimento sobre a personalidade e a relação entre pais e filhos – base para a Neuropsicologia… esqueçam Maslow et alia.
Harris foi dispensada do doutorado de Harvard pelo “famoso psicólogo” George Miller, então diretor do departamento, e tratada como uma reles “dona de casa”; para depois sacudir para sempre os dogmas do psicologismo. Harris deu a volta por cima, trabalhou como investigadora independente, e enfrentou uma grave doença degenerativa, para receber das mãos de Steven Pinker a maior honraria na psicologia: o prêmio – pasmem vocês – George Miller.
LIDERANÇA e COMUNICAÇÃO
Uma abordagem Neuropsicológica da Comunicação precisa levar em conta os aspectos neurais da fala e da linguagem, a natureza evolutiva da das expressões corporais e de dominância, o ToM – ou Theory of Mind -, a capacidade humana de imaginar o que o outro está pensando sobre o que estamos dizendo, além de muitas multiplicações deste tipo de interação… ou: “o que será que ela acha que eu acho, sobre o que ele disse?”…
Além das questões básicas de comunicação, emissor, receptor, envelopamento, mensagem, meio… é fundamental aprofundar a questão na semântica, gramática, construção lógica e conteúdo – ou CONHECIMENTO. Sobretudo quando o assunto é liderança, e aqui centrado na liderança profissional.
Steven Pinker adverte sobre o que considera o principal problema na comunicação em um ambiente profissional – mas que pode ser estendido para a vida:
“Quando você [realmente – grifo meu] sabe alguma coisa, é muito difícil saber como é não saber.”
Um problema ordinário de empatia, ou a qualidade de colocar-se no lugar do outro… mas existe um degrau a mais: a capacidade de se colocar no lugar do outro pensando como o outro! E esse é o maior problema da comunicação relacionada à liderança, já que, por um lado, e supostamente, um líder deve possuir mais conhecimento em diferentes abordagens da realidade; enquanto, por outro, e quando nos referimos à questões muito específicas ou detalhadas, e ninguém sabe tudo sobre tudo, o líder precisará promover uma comunicação reversa, ou seja, ajudar o interlocutor a comunicar-se adequadamente.
Nas Unidades 1 e 2 não estamos abordando a questão mais importante – profundamente desprezada por Rogers – por exemplo: o CONHECIMENTO sobre o que pretendemos comunicar, a construção LÓGICA e GRAMATICAL da sentença, suas PREMISSAS, além da PERTINÊNCIA e UTILIDADE de sua conclusão.
A comunicação verbal é fundamentalmente uma ação, e toda ação nos leva a algum objetivo. Mesmo a introspecção, o pensamento, é – lato sensu – uma espécie de comunicação interior (Pinker; 2007). Elkhonon Goldberg, que estudou com o eminente psicólogo soviético Luria, divide o seu tempo entre as atividades de neuropsicologia clínica, docência, e pesquisas de ponta sobre as atividades do que batizou como “cérebro executivo” (Goldberg; 2002) – ou “interprete” (Gazzaniga; 2000); este é o sujeito dentro de nós… e vive no córtex frontal, normalmente do lado esquerdo. Aí também reside o líder em nós, o Diretor Executivo em nós…
Mas para exercer a liderança exterior será necessário muito mais do que isso, muito embora as respostas ainda estejam no cérebro, resultado da Genética Comportamental, e suas artimanhas Evolutivas… Talvez devêssemos chamar o “líder do bando” de “chefe do bando”, em função de sua insuspeita tirania. Estima-se que 25% dos CEOs estejam dentro do espectro de caraterização do psicopata, e esse número pode chegar a mais de 70% nos círculos políticos. Sendo assim, a tradução de Chief estaria então muito adequada em ¼ dos casos…
Finalmente, o psicopata, ou sua designação corporativa de sociopata, segue a máxima popular de “manter a cabeça fria” – ipisis litteris. O sociopata evolutivo (Goldberg; 2002) adapta o seu aparato comportamental para o poder – egocentrado, implacável, sem remorsos, nem escrúpulos, escalando com vantagens insuspeitas o cume das esferas públicas e privadas.
Suspeito que o aparente sucesso dos psicopatas se deve a um ajuste evolutivo em direção ao egoísmo, e em função de deficiências em termos de sensibilidade emocional ou empatia. O altruísmo heroico se opõe ao psicopata pela mesma linha de raciocínio, e provavelmente em função da elevada sensibilidade ao sofrimento alheio. Neste sentido, o equilíbrio natural, ou homeostase, seria obtido pela adoção de medidas que culminem com o bem comum… O neurocientista António Damásio tem as mesmas preocupações em mente em A Estranha Ordem das Coisas:
“A cooperação evolui como gêmea da competição, e isso ajudou a selecionar os organismos que mostraram as estrategias mais produtivas.”
Mas existem impeditivos igualmente evolutivos para esta linha de análise, já que evoluímos para viver em clãs de 150 ou 200 pessoas, e não em megalópolis de 200.000, 2.000.0000, 20.000.000… Não seria o sucesso evolutivo dos psicopatas uma resposta à superpopulação? Ou seria exatamente o contrário? O altruísmo é jovem, e vem no encalço da densidade demográfica? Sustento que sim, e apesar de nos tornarmos mais agressivos com a densidade, também passamos a desenvolver estratégias mais bem sucedidas para a mitigação da violência.
O Batman, do imaginário popular, pratica o altruísmo, em busca do bem comum… apesar de milionário. Enquanto seus algozes, Coringa, Charada, Pinguim, almejam apenas poder, e bonança pessoal… apesar de miseráveis. Esses contos substituem as tragédias gregas… São dramas heroicos, onde acreditamos possuir mais controle sobre o destino de tudo… Sem notar, no entanto, que o supremo poder, ainda sim desprezível diante da Entropia, é o CONHECIMENTO.
E o altruísmo pode ser ensinado… Muito embora não possamos garantir que será aprendido ou praticado. E uma questão salta diante de todas: Por quê desejamos liderar? Pelo bem individual? Então seria chefia, e não liderança… Pelo bem comum? Então precisamos saber se estamos em condições de receber a tarefa. Por que empreender? Como viver melhor? Como ajudar a diminuir o sofrimento humano? Pensem nisso…
Retomando o ponto, a liderança, ortogonal à chefia, declara que “nós vamos”, ao invés de “você vai”; para finalmente elogiar que “nós conseguimos”, em lugar de “eu consegui”. O líder nato ou inato percebe que o sucesso do grupo é benéfico a ele também, e entende que chefiar um bando, ao invés de liderar, pode ser bem perigoso. Mas existem cenários onde a necessidade de chefia pelo medo se impõe à qualquer argumento em favor do idealismo de liderar… Isso diferencia ambientes pacificados e judicializados, da selva, ou da periferia, e daqueles cenários à margem da Justiça.
A Unidade 1 induz exercícios agradáveis e que revelam um pouco sobre as nossas tendências de personalidade. Também aponta – de forma leve – para uma série de boas práticas em liderança, e que naturalmente podem ser ensinadas e exemplificadas. Mas não podemos forjar um líder. Podemos melhorar um líder, ou ajudar aquele que não nasceu líder a liderar… sendo essas, sutis, mas fulcrais diferenças.
Por exemplo, uma personalidade dependente (DPD – Dependent Personality Disorder) NÃO PODE decidir. Existem personalidade neuróticas, narcisistas, autodestrutivas, sádicas, masoquistas, inseguras – patologicamente… e que jamais serão líderes… e não devem ser estimuladas a liderar. Aliás, a natureza parece subtrair os traits de liderança nestes casos… em função do risco… à exceção dos psicopatas, que ainda assim não lideram, mas chefiam.
Damásio, em a Estranha Ordem das Coisas,
Nas palavras de Jacqueline Du Pré:
“A primeira responsabilidade de um líder é definir a realidade. A última é agradecer. Entre esses dois extremos o líder deve servir.”
Se este aforismo lhe diz alguma coisa, note quantos traços marcantes de personalidade serão necessários para desempenhar bem esse papel de regente de um grupo harmonioso – homeostático… aqui descrito de forma tão genial e singela.
[Escrevi um importante trabalho sobre liderança e regência… mas seria muito longo para este espaço. Desde já, ficarei feliz em enviar a quem possa interessar.]
Kaoru Ishikawa fez parte de uma verdadeira revolução no Japão pós-guerra, e influenciou mais de uma geração de empreendedores… Kaoru bem definiu o conceito de Círculo de Qualidade, e mais tarde esquadrinhou o engenhoso e simples Diagrama de Causa-e-Efeito – também conhecido como Diagrama de Ishikawa ou Diagrama de Peixe. Essa foi, sem dúvida, a maior contribuição desse mestre, fornecendo uma metodologia poderosa e segura, usada também por pessoas não-especializadas, para analisar e resolver todo tipo de problema. Sobre liderança e empreendedorismo, ele declarou:
“Na gestão, a primeira preocupação da empresa deve ser a felicidade das pessoas que estão ligadas a ela. Se as pessoas não se sentem felizes e não podem ser felizes, essa empresa não merece existir.”
Existem muitos testes para avaliar o espectro da psicopatologia – e.g., Psychopathy Checklist—revised (PCL-R) -, mas não existem dúvidas sobre a natureza genética do transtorno, nem sobre o fato que que não haverá cura. Por outro lado, não seria o psicopata um tremendo sobrevivente? Alguém que mantém a frieza diante do caos… narcisista, egoísta, calculista… dominante?
O paradoxo, afinal, sendo essa a proposta do meu trabalho na área de GRC, decorre do fato de que: (P1) os psicopatas focam em grandes organizações, (P2) e sabemos que de fato os mega-CEOs, ou super-treinadores esportivos em equipes repletas de talentos, não têm influência significativa no resultado do “jogo” (Mlodinow; 2008) (Lewis; 2013)… CEOs muito bem pagos por mega-organizações não serão capazes de influir no resultado de suas empresas – mas podem detoná-las… Grandes estruturas administrativas, com dezenas de milhares de empregados, têm os seus resultados definidos pelo convívio com a entropia, como o caminhar de um trôpego, e que não pode ser de forma alguma ordenado por um superman… Então, (S) o paradoxal é que a liderança tem muito mais impacto em grupos ou empresas pequenas, como pequenos clãs, e onde um homem ainda pode fazer a diferença. E essas empresas não precisam de fato de grandes heróis. Neste sentido sim podemos ensinar a liderança a pequenos empreendedores, que um dia poderão evoluir a médios e grandes negócios.
Vivemos a Era da Transparência, como destaca Daniel C. Dennett, Professor Emérito de Filosofia e Codiretor do Centro de Estudos Cognitivos da Universidade Tufts, durante um famoso discurso para calouros da turma de 2017. Precisamos sim de transparência e conformidade com as regras do jogo, e daí decorre todo o debate sobre Compliance, Risk and Governance. Afinal, hoje sabemos, convivemos com psicopatas e afins…
Este é um excelente ponto final em minha contribuição ao tema, mas preciso deixar mais algumas ressalvas para o que virá – Tarefas 3, Unidades 3 e 4: (P1) nem todos devem se aventurar na sina dos empreendimentos, e ao contrário. Muitos de nós, a esmagadora maioria de nós, será muito mais feliz sendo conduzida, guiada, liderada, de forma segura e protegida, do que encarando as vicissitudes de empreender, lutar por um lugar ao Sol, e liderar… Não é correto dizer às pessoas que podem empreender e liderar, sem maiores ressalvas; (P2) Sobre Ética, precisaremos encarar o Dilema do Pacifista – suas rubricas evolutiva, genética e neurocientífica.
P.S.: Finalmente, com tantos pensadores ilustres, com tanto conhecimento disponível, consagrado, é muito difícil “aprender” alguma coisa com opinólogos profissionais como Clovis de Barros, Cortella e Karnal… Decepcionante!!! Tenho denunciado a baixa qualidade do debate promovido por esse senhores, e seguirei denunciando.
Como você vivencia essa experiência integrativa no seu ambiente de trabalho?
Fundei e dirigi empresas, gerenciei grandes projetos, trabalhei em 23 países, dirigindo pessoas muito diferentes em termos culturais, mas troppo umanos. Atuo como investigador acadêmico independente na área Neurocientífica, e com profundo interesse em traits de personalidade e transtornos. Escrevi livros sobre Ética, Comunicação, Liderança, e hoje estou preparando um curso sobre o assunto, envolvendo ainda GRC – Compliance, Risk, Governance. Considero a abordagem escolhida revolucionária e consciliente.
A abordagem do assunto é inteiramente nova para os padrões brasileiros, mas está consonante com o conhecimento disponível no exterior, e nos grandes centros de investigação, como Harvard, MIT, sobre “o que nos torna humanos” (Ridley; 2008). Trabalho com a Neurociência Cognitiva, Genética Comportamental, Biologia Social e Evolutiva… e não vendo ilusões. Assim que esse debate tem tudo a ver com minha vida em muitos sentidos, como empresário, consultor, pensador, investigador acadêmico, escritor e palestrante.
A comunicação tem sido efetiva – transmissão <-> compreensão?
Acredito que sim. E o “x” da questão, como ressaltei antes, é o entendimento sobre a necessidade de clareza na “construção” da mensagem, parte gramatical, lógica e conteúdo. E a integridade intelectual… E falta abordar prioritariamente essa questão: A utilidade da mensagem e da comunicação é essencial. As premissas, sentenças, e respectivas conclusões, devem “endereçar a verdade” (Sherman; 2015). Além do protocolo, a mensagem deve estar bem construída e o tema deve ser bem conhecido. Para finalmente encarar o “problema do conhecimento” – ou “da falta de”… Onde um dos interlocutores não dispõe de estrutura prévia capaz de aproveitar a mensagem que está sendo transmitida. Esse também é um problema do Hipocampo, já que o registro de todo aprendizado, sabemos, depende da atividade desta área do sistema límbico, e que opera sob estimulo de neurotransmissores. Ou seja, registramos mais quando estamos excitados, e nos excitamos mais quando estamos familiarizados com o assunto, ou “impressionados”…
Em sentido muito amplo, defendo que vivemos contra a Entropia – Segunda Lei da Termodinâmica, e Primeira Lei da Neurociência. (Pinker; 2018) Jogamos contra uma sorte deletéria, mecânica e biológica, implacável em termos probabilísticos, de forma que tratamos de aprimorar a previsibilidade pelo conhecimento. Daí o comportamento, daí nosso destino… daí a comunicação, liderança, e todo o resto. Portanto… Entendamos a Entropia, a Genética e a Informação. Esse é o Jogo da Vida.
Carlos Sherman
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