Por Carlos Sherman
PAULO FREIRE – O OPRESSOR
Tropecei na seguinte questão em uma pós-graduação em Filosofia:
Culminamos aqui no contexto do famoso e atual “politicamente correto”, ou seja, mesmo nas ciências, quais seriam as limitações do “educador” professor? Seria possível admitir sem medidas a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire para a resolução de tais problemáticas?
No Wikipedia encontramos a seguinte resenha para A Pedagogia do Oprimido de Freire:
[…] é um dos mais conhecidos trabalhos do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire. O livro propõe uma pedagogia com uma nova forma de relacionamento entre professor, estudante, e sociedade. O livro continua popular entre educadores no mundo inteiro e é um dos fundamentos da pedagogia crítica.
Dedicado aos que são referidos como “os esfarrapados do mundo” é baseado em reflexões realizadas durante seu exílio no Chile, período em que ajudou em experiências de educação popular. Freire inclui uma detalhada análise da relação entre os que ele chama de “colonizador” e “colonizado”, utilizando como base a “Dialética do Senhor e do Escravo” extraída da Fenomenologia do Espírito de Hegel.
Com mais de um milhão de cópias vendidas, é a terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos da área de humanas em todo o mundo, à frente de clássicos como Vigiar e Punir de Michel Foucault e O Capital de Karl Marx.
A minha resposta:
Paulo Freire – O opressor
Acho importantíssimo discutir o papel do educador, formação, meios, fins, métodos; e principalmente na questão mais sensível: a formação do educador, seja ela em termos de conhecimento direto e consagrado dentro do corpus da disciplina, seja em termos didáticos e de conhecimento neuropsicológico.
E aqui nos deparamos com dois gigantescos obstáculos, já que não existe um corpus de conhecimento confiável para as ditas Ciências Sociais; e ao contrário, já que impera o relativismo e o recorrente embasamento em retóricas autoritárias e totalmente superadas, como encontramos em Platão, Aristóteles, Agostinho, Aquino, Hegel… e Paulo Freire – em detrimento de “filosofias” e reflexões muito mais vigorosas e concernentes com a realidade. Este último, representa em especial um enorme atraso para a educação no Brasil, e é citado aqui como “referência” para o debate.
Segundo “Neto (1976)”, as “mais conhecidas contribuições para as ciências sociais provenientes da filosofia” são as seguintes: Platão, em sua República e em Leis, por “tratar de vida social e política”; Aristóteles, em sua A Política, ao “abordar questões de cunho social”; Agostinho – de Hipona – em sua A Cidade de Deus, pelo exemplo de sua “filosofia da vida; Tomás de Aquino, por sua “posição tomista”, i.e., a escolástica passando o aristotelismo pela pia batismal católica, e abusando de argumentação sofismática, procurando encaixar um lote de absurdos em outro – no caso; entre outros, como Hobbes, Locke, Kant, a dupla Marx & Engels, e HEGEL… o preferido pela área de humanidades – “cujo pensamento de praticamente todos se fundamentaram em grande parte nas concepções dos antigos filósofos”.
Os ditos “filósofos” que servem de base para as “Ciências Sociais”, segundo “Neto (1976)”, são realmente lamentáveis como pensadores… e baluartes do equívoco, do erro, do preconceito, da fantasia messiânica… e da AUTORIDADE! Não mais… Com destaque para: Platão, e sua autoritária república vegana; Aristóteles, o taxonomista míope; Agostinho, hábil e desonesto intelectualmente, e acossado pela culpa por sua mera natureza animal; e Tomás de Aquino, recalcado e limitado; HEGEL et al…
“Os sábios deverão dirigir e governar, e os ignorantes deverão segui-los.” – Platão de Atenas
“E o estado erigirá monumentos […] para celebrar sua memória [governante]. E sacrifícios ser-lhes-ão oferecidos como a semideuses, […] como a homens que são abençoados pela graça e semelhantes a deuses.” – Platão de Atenas
“A revelação divina, e não a razão, é a fonte de toda verdade.” – Santo Agostinho
“A mulher é um defeito da natureza, uma espécie de homenzinho defeituoso e mutilado. Se nasceu mulher deve-se a um defeito do esperma ou a ventos úmidos.” – São Tomás de Aquino
“Sou um homem de um só livro.” – São Tomás de Aquino
É isso o que acontece quando abolimos – além da estruturação lógica de proposições – o onus prodandi… Devemos chamar isso de ciência?
Destes absurdos “filosóficos” decorre uma incômoda consequência, i.e., as ditas “ciências sociais” não passam de um conjunto de extravagantes embustes – sem exceção. E isso simplesmente cancela a disciplina, que evapora no ar, deixando um mal cheiro difícil de esquecer. Mas existe uma corporação com avatares políticos, acadêmicos, e profissionais, que não estará disposta a encarar os fatos, a verdade, de forma tão pacífica. E isso, já que a falta de lucidez, o desprezo pela realidade, e a inclinação à autoridade, estão na base deste movimento, também convertido em disciplina acadêmica.
Isso é muito sério, grave, com profundas sequelas em nossa vida. Assim como provoca, pela impertinência, e sua ignorância, uma reação contrária de igual intensidade e obtusidade, como no caso dos ditos “conservadores”. Mas não somos todos BIPOLARES… almejamos, muitos de nós, a prosperidade da verdade, de teses confiáveis, comprováveis pelo confronto com a realidade, e TRANSPARÊNCIA – acima de tudo, e sobre interesses particulares e especiosos.
Essa é a exegese do fascismo… E o mito da contextualização já foi destroçado por Popper, se alguém pensou em invocá-lo. Isso alimenta delírios de Lula e Bolsonaro, Trump e Putin e congêneres…
Hegel é o elo perdido entre o fascismo platônico e o os totalitarismos originados no idealismo alemão; nele, vemos com quanta facilidade um “palhaço pode fazer história” (Popper; 1994). Os marxistas reinterpretaram a gloriosa “guerra das nações” de Hegel como uma ode à luta de classe, os nazistas encontraram a motivação para sua luta de raças. E a única coisa que realmente este patético personagem histórico buscava era o patronato dos poderosos, impressionados com o nonsense de sua Fenomenologia, para conseguir um púlpito oficial e vitalício em uma universidade de renome. O efeito colateral foi dar munição à luta pelo poder como fim em si mesmo… sem direito a questionamentos menores que a causa.
No caso do marxismo, o proletariado é a classe destinada a herdar o futuro e a Terra, enquanto paradoxalmente, e somente após assumir o poder pela força revolucionária, abre espaço para uma humanidade justa e sem classes – quase tribal. Uma autêntica contradição em termos e propósitos.
No caso da “etnia escolhida”, ou racismo, a revelação dá conta uma espécie de fabula ou conjunto de leis “naturais”, promovendo o falacioso conceito da “superioridade biológica” do sangue e da “raça” escolhida. Isso, segundo o historicismo étnico, explicaria o curso da história – passado, presente e futuro –, sem espaço para dúvidas, como a mera luta pela hegemonia de uma raça predestinada. Esta hegemonia é justificada por um completo catecismo de razões ditas morais ou míticas atreladas à raça. Heidegger profetizaria que:
“[…] o mundo espiritual de um povo é a força da preservação mais profunda de seu controle sobre a terra e o sangue.” – Heidegger
Tenebroso, obscuro, verborrágico, fascista, atrasado… E não seria somente a Cosmologia a atrasar o passo em mais de dois milênios, diante da autoridade aristotélica sacralizada na pia batismal cristã; seus constructos garantiriam o mesmo atraso para a Química, rejeitando por aclamação popular a Teoria Atômica de Demócrito – cujas obras Platão pretendia queimar. Quase podemos ouvir um brado fascista distante, em grego, sentenciando Demócrito por “herege!”. A popularidade arrogante e falastrona de Aristóteles ofuscaria por 2.000 anos os verdadeiros pensadores da antiguidade clássica, como Epicuro, Leucipo, Lucretius, Aristarco, e aqueles que teimariam em segui-los.
“O progresso do pensamento desde de Aristóteles poderia, creio, ser resumido dizendo-se que toda disciplina, uma vez que tenha empregado o método aristotélico da definição, permaneceu aprisionada num estado de verbosidade vazia e escolástica estéril; e que a extensão em que as várias ciências foram capazes de fazer algum progresso dependeu do grau em que foram capazes de se desfazer desse método essencialista.” – Karl Popper
Sendo o “essencialismo” um legado platônico.
“A causa final, então, produz movimento por ser amado, mas todas as outras coisas se movem por serem movidas.” – Aristóteles (Metafísica; 1072b4)
Pode ser que pareça estúpido, mas realmente é… como a afirmação abaixo, 2.200 anos depois:
“As pessoas estão satisfeitas com a força da gravidade ser conhecida; e, minuciosamente instruído, sobretudo pela história bastante angustiante da maçã que caiu antes de Newton, que os corpos celestes giram em suas órbitas menos por causa da força comum ao mundo, que Kepler e outros filósofos estabeleceram como um e o mesmo. em virtude da força cotidiana que puxa pedras em direção à terra, as pessoas obtêm segurança contra o céu, esquecendo, é claro, que uma maçã estava presente no início do infortúnio universal da espécie humana e no início do infortúnio de Tróia, por sua vez. um mau presságio para as ciências filosóficas.” – Hegel (Dissertação Filosófica Sobre as Órbitas dos Planetas; 1801)
Fico muito preocupado quando esta disciplina coloca ciência e metafísica são colocadas no mesmo plano de importância. E mais ainda quando por ciência entendem as “Ciências Sociais”… e citam Aristóteles como precursor da Química. Estes problemas em conteúdo e formação de docentes, é muito mais importante do que o método; já que não existe sequer conteúdo devidamente estruturado, e com o qual se possa APRENDER. E não adianta ser “qualificado” em algo que não corresponde à realidade, e está limitado à um palavrório sem nexo.
Eu sei exatamente o que este tipo de crítica suscita nos adeptos das ditas Ciências Sociais, mas o fato é que Paulo Freire, e.g., não possuía qualquer conhecimento ou formação sobre o homem. ZERO! As ciências do homem, insisto com sobras de motivos e argumentos, são a Biologia Social e Evolucionária, e Genética Comportamental, e a Neurociência Cognitiva. Qualquer debate sobre o homem sem o devido entendimento do que nos torna humanos, não passará de palavrório inócuo.
Falar em Paulo Freire em 2020 é completamente descabido, e muito pior é falar de sua “Pedagogia do Oprimido”, fruto de seus delírios e severos desvios cognitivos, onde estudantes são “os esfarrapados do mundo”; doente, maniqueísta até o âmago, onde nada pode fugir à heurística do “colonizador” e “colonizado”, e retirando tais dogmas de HEGEL… o pior entre os piores, e uma de suas piores passagens, a empolada “Dialética do Senhor e do Escravo”, excerto da arrogante “Fenomenologia do Espírito”. Esses são assuntos neurocientíficos, e não representam qualquer indício de lucidez.
Paulo Freire possui severos desvios cognitivos, e mais absoluta desconexão com a realidade. Mais de um milhão de cópias vendidas, em pura idolatria cega, desvelando o baixíssimo nível dos trabalhos acadêmicos na área dita de humanidades, pelo número de citações. Um descalabro… mas vai passar, e já está passando. O grande absurdo que Freire representou em nossa educação está sendo devidamente entendido. Mas é muito mais fácil enganar alguém do que demonstrar que esteve enganado… e a Neurociência explica porquê.
Mas a tal “Pedagogia do Oprimido” é hegeliana de cabo a rabo. E, se estão indignados com a minha ousadia, tentando quebrar o encanto maniqueísta de Freire, lhes dedico um pouco de Hegel, para sustentar a minha própria indignação… e deixar que tirem suas próprias conclusões:
“Uma consideração racional da natureza deve considerar como a natureza é, em si mesma, esse processo de se tornar espírito, de sublimar sua alteridade – e como a ideia está presente em cada grau ou nível da própria natureza: afastada da ideia, a natureza é apenas o cadáver do entendimento. A natureza é, no entanto, apenas implicitamente a ideia, e Schelling a chamou de inteligência petrificada […]; mas Deus não permanece petrificado e morto; as próprias pedras clamam e se elevam ao Espírito.” – Hegel (Filosofia da Natureza)
E? Qualquer homem intelectualmente honesto e desenvolvido, exceto os devotos hegelianos, deve sentir vergonha deste achado filosófico – ao menos secretamente:
“[…] os corpos celestes parecem ser independentes um do outro.” – Ibidem
A dialética de Hegel é uma espécie de solvente cognitivo, um salvo-conduto para a anarquia filosófica e epistemológica. Se “a essência de X não é X”, o que é então? O filósofo Leszek Kolakowski sublinhou a verdade sóbria da questão:
“Devemos finalmente concluir que, no sistema hegeliano, a humanidade se torna o que é, ou alcança a unidade consigo mesma, apenas deixando de ser humanidade.” – Leszek Kolakowski
A afinidade por Hegel é portanto a afinidade com o irrealismo, com desobediência, mas que recai em mãos autoritárias… Russell observa que Hegel “resumiu melhor do que ninguém um certo tipo de filosofia”, onde “quase todas as doutrinas são falsas”. Como ISSO pode servir de influência para alguém que se proponha a algo mais do que chamar a atenção? Justificando uma licença para nada justificar, e mesmo assim dizer tudo, sem chance para a réplica…
Karl Marx sofreria forte influência da Fenomenologia do Espírito e da Filosofia do Direito; e através dele, Lenin, Stalin, e o marxismo em geral. É verdade que Marx dedicou muitas páginas à crítica da filosofia de Hegel; mas é ainda mais certo que ele abraçou com unhas e dentes a visão de Hegel sobre a história como uma esfera de progresso dialético inelutável – “progresso, isto é, necessário, isto é, inevitável, e que prossegue por negação contínua”.
Parafraseando o filósofo Louis Dupré, Marx aceitou o método da filosofia de Hegel enquanto descartava seu conteúdo. O que Marx aproveitou foi a licença para o DIZER QUALQUER COISA, e chamar isso de DIALÉTICA. O que Marx aproveitou foi o VALOR DA ELOQUÊNCIA, EM DETRIMENTO DO CONETÚDO. É comum ouvir no círculo “iniciado” que Marx tentou “colocar Hegel de cabeça para baixo”. Mas, O Capital não deixa dúvidas de que o idealismo de Hegel deixou a dialética “de pé sobre sua cabeça”. Mas Marx parece ter revirado essa condição, para inventar uma cena aparentemente racional dentro de uma elucubrada concha mística. Marx nunca se cansou de exortar Hegel por sua “mistificação”.
E Hegel tem o disparate de colocar as palavras “ciência” e “conhecimento” em meio ao seu palavrório místico, que mais tarde trará terríveis implicações, nas graves distorções conhecidas por “marxismo científico” ou “darwinismo social”… que jamais cursaram a via científica.
“O que me propus a fazer é ajudar a aproximar a filosofia da forma da Ciência, para a meta em que pode deixar de lado o título ‘amor ao saber’ e ser um conhecimento real.” – Hegel
Vejamos um pouco deste “conhecimento real”:
“O Verdadeiro é o todo. Mas o todo nada mais é do que a essência que se consuma através do seu desenvolvimento. Do Absoluto, deve-se dizer que é essencialmente um resultado, que somente no final é o que realmente é; e que precisamente nisto consiste sua natureza, viz. para ser real, sujeito, o devir espontâneo de si mesmo. Embora possa parecer contraditório que o Absoluto deva ser concebido essencialmente como resultado, ele precisa de pouca ponderação para colocar esse espetáculo de contradição em sua verdadeira luz. O começo, o princípio, ou o Absoluto, como inicialmente enunciado imediatamente, é apenas o universal. […] Espírito […] demonstrou não ser apenas a retirada da autoconsciência em sua pura interioridade, nem a mera submersão da autoconsciência em substância e o não ser de sua diferença; mas o Espírito é esse movimento do Eu que se esvazia de si mesmo e se afunda em sua substância, e também, como Sujeito, saiu dessa substância para si mesmo, transformando a substância em um objeto e um conteúdo ao mesmo tempo. cancela essa diferença entre objetividade e conteúdo. […] O espírito, portanto, tendo vencido a noção, mostra sua existência e movimento neste éter de sua vida e é ciência.” – Hegel (Fenomenologia do Espírito)
Tudo cheira a sacristia… “sublimada” em uma espécie de idealismo filosófico… assustadoramente insano. Na introdução de suas Palestras Sobre a Filosofia da História do Mundo, Hegel assegura aos seus devotos, sem titubear, que…
“[…] o espírito universal ou o espírito do mundo não são a mesma coisa que Deus. É a racionalidade do espírito em sua existência mundial. Seu movimento é que ele se torna o que é, ou seja, qual é o seu conceito.” – Hegel
Mas, no mesmo trabalho, ele nos diz que a filosofia demonstrou que…
“[…] a razão é substância e poder infinito, em si o material infinito de toda a vida natural e espiritual, bem como a forma infinita, a atualização de si mesma como conteúdo. […]o Verdadeiro, o Eterno, o Poder Absoluto e que ele e nada mais que isso, sua glória e majestade, se manifesta no mundo.” – Hegel
Amém!
Hegel tem outra estratégia interessante, uma espécie de metralhadora que não permite ao leitor tomar fôlego… ou ENTENDER O QUE ESTÁ LENDO… e assim engole tudo sem mastigar. Isso, aliado à bipolaridade, ao tudo ou nada, e principalmente à vida e morte… Tudo parece marcial. Uma luta por reconhecimento, e.g., rapidamente se transforma em uma luta de vida ou morte:
“Eles devem se engajar nessa luta, pois devem elevar sua certeza de serem eles mesmos à verdade, tanto no caso do outro quanto no seu próprio caso. E é apenas apostando a vida que a liberdade é conquistada; somente assim está provado que, para a autoconsciência, seu ser essencial não é [apenas] o ser, não a forma imediata em que aparece, nem a submersão na expansão da vida, mas sim que não há nada presente que possa não deve ser considerado um momento de fuga, que é apenas puro ser para si mesmo. […] Da mesma forma, assim como cada um arrisca sua própria vida, cada um deve buscar a morte do outro, pois valoriza o outro não mais do que ele próprio.” – Hegel
Essa é a DIALÉTICA DO MESTRE-ESCRAVO…
“O Agora que é Noite é preservado, isto é, é tratado como o que professa ser, como algo que é; mas prova ser, pelo contrário, algo que não é. […] Este Agora autopreservativo não é, portanto, imediato, mas mediado; pois é determinado como permanente e autoconservador Agora, pelo fato de que algo mais, a saber, Dia e Noite, não é.” – Hegel
Entendeu? Pensou que fosse a Dilma, Lula, ou Bolsonaro? Não, trata-se da a famosa observação no prefácio da Filosofia do Direito de que:
“[…] o racional é o real e o atual é o racional.” – Hegel
Auspicioso ou vazio? Perigoso, já que a “essência de cada coisa está no que é o oposto de si mesmo”, então vale tudo. E Hegel não é nem um pouco original – vide Platão, vide Heráclito… A necessidade de reconciliação do individualismo e do comunitarismo em busca de um estado ideal tem sido a principal preocupação dos filósofos sociais e políticos, desde Platão. Ao contrário de outros filósofos como Hobbes e Locke, que veem o indivíduo e o estado como incompatíveis; e, portanto, procuram alcançar algum tipo de contrato de princípios; Hegel acredita que o indivíduo e o estado são mutuamente independentes. Para ele, a liberdade individual entendida como liberdade racional é alcançada através das instituições racionais do estado. Assim, as instituições do estado devem harmonizar verdadeiramente o interesse coletivo com o bem objetivo dos indivíduos. A vontade do estado, a vontade universal é a boa; é a realização da liberdade e, portanto, é inquestionável.
O absolutismo da visão de Hegel, que vem de Platão, tende a restringir o direito e a liberdade individual, que, na visão dos filósofos “sociais”, devem ser “harmonizados” pelo estado. O sistema de Hegel constitui uma justificação velada do governo de Frederico Guilherme III e da ideia de que o objetivo ulterior da história é chegar a um Estado semelhante à Prússia dos anos 1830.
A dialética em Hegel é, em tese, em antítese, e síntese, a desculpa para arbitrar sobre qualquer absurdo, desde que o propositor detenha o poder sobre a realidade, ou AUTORIDADE… como claramente encontrado em Platão e Aristóteles. La dialética em Hegel e Marx, é basicamente o salvo-conduto para “salvar o fenômeno”, uma espécie de deus ex machina filosófico… em suma, para justificar qualquer proposição injustificada, pela franca confrontação com a realidade. Como no aforismo de Tertuliano parafraseado por Agostinho, que, por sua vez, foi parafraseado por Kierkegaard:
“Credo quia absurdum. [Creio porque é absurdo.]”
Sendo essa a hermenêutica vigente nas ditas Ciências Sociais… E nada disso é respeitável, nem digno de nota, nem de aprendizado… pela mais completa inutilidade. Antes, concluo, me preocupo muito com o jovem desprovido de experiência e conhecimento que se matricula em um curso nas “humanidades”… Não é mais urgente discutir o método e meios, do que o conteúdo, e principalmente a qualidade dos educadores. O problema aqui é muito mais grave, pois não há conteúdo a ser ensinado, nem nada a ser aprendido, restando apenas a história do erro, do nonsense, da tentativa de estabelecer AUTORIDADE SOBRE A REALIDADE. E repito, tudo isso é matéria de ampla investigação Neuropsicológica.
Carlos Sherman
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