Por Carlos Sherman
Esta famosa expressão é atribuída originalmente a Apelles de Kos, um renomado pintor grego do século IV AEC. Plínio, o Velho, a quem devemos muito sobre a biografia do artista, o classifica – em sua ‘Naturalis Historia’ – como um pintor “superior”. Plínio data o trabalho de Apelles no século IV AEC, 112º Olimpíada, quando o artista produziu um retrato de Alexandre, o Grande.
Apelles também ficou famoso por uma frase que nomeia um importante conceito filosófico e retórico… A frase tem muitas versões, mas provavelmente teria sido proferida da seguinte forma:
“Sutor, ne ultra crepidam”
Trata-se é uma expressão latina que significa literalmente “Sapateiro, não além das sandálias”, ou “sapateiro, não julgue além dos sapatos”, indicando que um propositor não deve ir além de sua área de conhecimento, julgando além de sua jurisdição em termos de conhecimento. Valeria ainda alertar que não podemos ir além das provas; de forma que não devemos também ir além de nosso conhecimento específico, ou dos limites de nosso conhecimento.
Plínio nos conta, em seu ‘Naturalis Historia’, que um sapateiro (Latim: Sutor) abordou o pintor Apelles de Kos para apontar um defeito na interpretação do artista em uma pintura de uma sandália (Latim: crepida). Apeles aceitou a observação e corrigiu sua obra. Encorajado por isso, o sapateiro, em seguida, começou a estender suas observações a outros detalhes que considerava defeituosos; a esta altura Apeles aconselhou-o de que “um sapateiro não deve julgar além das sandálias”, ou “além dos limites de seu conhecimento”. Plínio tronou a expressão um ditado proverbial; e aqui estamos, servindo-nos do conceito expresso por Apelles.
Carlos Sherman
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