Por Carlos Sherman
7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil… cujo ato simbólico e heroico de nosso príncipe regente às margens do Ipiranga seria eternizado no quadro de Pedro Américo. Mas isso não passa de lenda, e a realidade é bem outra. Pedro I retornava de uma visita à sua amante, uma tal “marquesa” que residia em Santos, e precisou apear para enfrentar – aí sim heroicamente – uma tremenda diarreia que o levou para trás de uns arbustos às margens do Ipiranga.
Foi neste estado precário que o futuro imperador do Brasil recebeu notícias de Leopoldina, sua esposa ornada com chifres – conforme rezava o Código Filipino à época. E a missiva dava conta de um ultimato assinado por seu sogro, pai de Pedro, João VI, convocando o filho serelepe para retornar imediatamente à Portugal. João pretendia apertar o torniquete no Brasil a fim de cobrir as dívidas amargadas por Portugal por ocasião de muitas intempéries; e entre elas as mazelas das aventuras militares do psicopata europeu do momento, Napoleão, que a essa altura já havia sido devidamente “enquadrado” em Waterloo pelos ingleses.
Mas a verdade é bem inglória, e para a nossa glória. Pedro estava – segundo o dicionário – arregando, ou seja, avançando para um acordam, e para aquele que seria o primeiro capítulo de nossa dívida externa. Sim, porque na negociata da independência uma triangulação astuta resultou no pagamento de uma indenização de dois milhões de libras esterlinas – emprestadas à Inglaterra, que possuía vultosos interesses comerciais com o Brasil. Os lusos poderiam então pagar por parte de seu endividamento com os ingleses e sair da pindaíba em que se encontravam. Por outro lado, tudo continuaria em “casa”, ou na Casa dos Bragança. Essa é a ciência histórica documental, e esses são os fatos.
Mas a palavra arrego tem outro significado, além de “fazer um acordo”; arregar também significa acovardar-se, recuar, ou “pedir pinico” – fazendo uma alusão à “obra” de Pedro naquele desarranjado 7 de Setembro de 1822. Como no patético caso de Bolsonaro, neste 7 de Setembro de 2021, arregando, fugindo da confusão que ele mesmo inventou… “Cagando de medo”, e finalmente nu, exposto diante de sua claque histérica e fanática. Portanto, e mais uma vez, o falso messias, o Jair Messias, o aspirante a monarca, o mito, não passa de um palhaço, um bobão… um aloprado infantil e medíocre.
80% da atônita população brasileira já sabia que o falso rei sempre esteve completamente nu na “piscina” de seus devaneios. Como na fábula irônica e lapidar escrita pelo dinamarquês Hans Christian Andersen, em 1837: A Roupa Nova do Rei; e que narra a estória de um trambiqueiro se faz passar por alfaiate vendendo a um rei uma roupa muito bonita e cara, mas que só poderia ser vista por pessoas inteligentes e astutas. O vaidoso rei compra a ideia. O trambiqueiro recebe o pagamento antecipado, fingindo tecer fios invisíveis, mas que todas as pessoas alegavam ver para não parecerem estúpidas. Até que um dia, o rei se cansa de esperar, e decide constatar pessoalmente o progresso do alfaiate. Quando o falso tecelão lhe mostra a obra, o rei exclama: – Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico! Embora, e de fato, não visse nada além do vazio diante de seus olhos. O rei logo se apressa em marcar a estreia com uma grande parada para exibir ao reino sua nova roupa. Quando o rei está diante de todos, apenas uma criança é capaz de ser sincera sobre o que VÊ, exclamando: – O rei está nu! O grito é absorvido pelo murmúrio da multidão, mas o rei se encolhe, suspeitando que a afirmação seja verdadeira… para depois levantar a cabeça, e mantendo o passo orgulhosamente, e PASSANDO EM REVISTA À TROPA.
O paralelo com o momento atual não poderia ser mais direto em relação aos supostos valores morais que vestem Bolsonaro – como as roupas do rei. Só vê quem é cego! Só enxerga valor em Bolsonaro quem é cego… Pois, viva o poder invisível e risível do rei nu, que agora pede arrego enviando cartinhas de amor aos desafetos que produziu para escapar de seus crimes! Que vergonha, Jair! Mas não percam esse bobo da corte de vista, porque existe um arrego – acordo – obscuro em curso aqui; um arrego arregando, e costurado pelo temível Temer. Com direito a conversa telefônica com “aquele careca do STF”, “canalha”, agora tratado por “ministro Alexandre de Moraes”, e destacando suas qualidades como “jurista e professor”.
Pois o “enquadrado” foi o Bolsonaro, que saiu com o rabinho entre as pernas, e assinando sua declaração de arrego. E que pese, apesar dos erros de concordância verbo-nominal da carta assinada pelo arregão, mas a redação não saiu de sua caixola obtusa é nem de seu xucro “gabinete do ódio”. O rascunho é do Temer, com apoio da Advocacia Geral da União, que finalmente informou ao minúsculo mito que a brincadeira acabou… e ele será impedido e condenado por adultos – sem direito a sursis.
Bolsonaro só objetiva escapar de um destino certo, seu endereço na Papuda. E agora culpa os seus apoiadores pelas sandices que vomitou diuturnamente: “Alguns querem que eu vá lá e degole todo mundo”… Que patife! O único degolado aqui é Bolsonaro… Degolado e nu! Enquanto insisto que este facínora enfrente o rigor da lei em toda a extensão de seus crimes… mesmo para quem pede arrego. Mais de 580.000 cadáveres gritam em silêncio que AUTORIZAM A CONDENAÇÃO!
Carlos Sherman
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