Por Carlos Sherman
Devido a mais uma onda de fake news, fui procurado por uma horda de zumbis com inclinações fascistas, alardeando sobre futuros problemas com o tipo de vacina que um indivíduo toma em relação a eventuais barreiras migratórias. Também disparavam a questão: QUAL É A MELHOR VACINA?
Isso, enquanto Paulo Guedes repete o mantra do “vírus chinês”, em mais um vexame do elevado escalão do governo; e sugerindo ainda que “os Estados Unidos fabricaram a melhor vacina”. Xenofobias à parte, a BioNTech é alemã, assim como a microbiologista por trás do êxito do imunizante, Kathrin Jensen; e a empresa é comandada por filhos de imigrantes turcos.
Sem contar a pataquada protagonizada pelo chefe da Casa Civil, o Ramos, que confessou ter se vacinado “escondidinho” – porque o “chefe” não queria expor a verdade… Afinal, só a vacina nos livrará do vírus, e não importa o que os “mitos” profetizem. E o fraco ministro, um general, exibiria ao menos um rasgo de lucidez ao assumir que: “não quero morrer de COVID”. Já o Guedes preferiu prestidigitação política, pedindo desculpas sem se desculpar… e mentindo covarde e deslavadamente.
Portanto, a melhor vacina – respondo sem hesitação – é aquela que você pode tomar hoje, agora; e a despeito do sucesso de cada biotecnologia em despertar a resposta do seu sistema imunológico. E sempre lembrando que a vacina não protege ninguém diretamente! Afinal, o seu sistema imunológico é o responsável por produzir anticorpos (IgG); respondendo ou não a cada vacina e em um determinado grau.
Como avaliar a resposta imunológica após a infecção ou vacinação?
É sempre recomendável consultar um médico para conhecer seu status imunológico após a infecção ou vacinação. Mas podemos avaliar essa resposta com um teste sorológico, e medindo a concentração da imunoglobulina G, ou IgG, o principal tipo de anticorpo em nosso corpo, e responsável pela proteção contra agentes infecciosos – como o vírus da SARS-CoV-2.
No caso de anticorpos produzidos após uma infecção, ou anticorpos estimulados por vacinas como a CoronaVac – que utilizam vírus inativados de macacos rhesus -, a concentração de IgG poderá ser constada por exame sorológico simples, onde devemos esperar uma concentração superior à 3,4 UA/mL – segundo a OMS (WHO).
No caso das vacinas da Oxford AstraZeneca – que utiliza a vetores virais vivos e não replicantes – e da Pfizer BioNTech – que utiliza RNAs obtidos por engenharia genética -, a verificação da concentração de IgG deve ser constatada por meio de exame sorológico para anticorpos neutralizantes; e devemos esperar um resultado acima de 20%. Os anticorpos neutralizantes se ligam às proteínas spike (ou espinhos) na coroa do vírus, impedindo que o vírus entre na célula ou em seu núcleo, para a replicação a partir de nosso DNA.
No meu caso, vacinado com o imunizante da AstraZeneca, o exame mediu uma concentração de 38%. Isso significa que o resultado foi obtido para esta fase, mas nada muda em minha rotina. Espero agora pelo boost, ou segunda dose, prevista para 31 de Julho, e pelos novos protocolos internacionais para a epidemia.
Lembrando que nos vacinamos por nós e pela humanidade!
ARTIGOS RELACIONADOS